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Imunoterapia: um avanço na oncologia

A oncologia entra em uma nova era com a chegada da imunoterapia. Há alguns pontos chaves na resposta imunológica, os chamados “checkpoints”, sendo os principais PD-1, PD-L1 e CTLA-4. Fisiologicamente, o bloqueio desses pontos é um mecanismo protetor para prevenir que o hospedeiro seja atacado pelo seu próprio sistema imune. Porém, alguns tumores também conseguem inibir esses “checkpoints” e escapam da vigilância imunológica. A imunoterapia consiste em estimular o próprio sistema imune do paciente para tentar eliminar o câncer.

Considerada pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) o principal avanço do ano contra o câncer, a imunoterapia foi um dos temas discutidos na 12ª Jornada Neon do Câncer do Aparelho Digestivo, realizada nos dias 5 a 7 de maio, em Domingos Martins. No evento, que contou com a participação de oncologistas clínicos, cirurgiões oncológicos, cirurgiões do aparelho digestivo, proctologistas e gastroenterologistas, foi destacado o papel da imunoterapia no tratamento dos tumores colorretais. Os estudos mostraram taxas de resposta de cerca de 40%. 78% dos pacientes tiveram resposta sustentada por mais de 6 meses no tratamento com pembrolizumabe (anticorpo monoclonal contra PD-1). Pouco tempo depois à jornada, o órgão americano FDA aprovou o uso desta droga para pacientes com doença avançada, cujos tumores tenham progredido às terapias prévias e apresentem estabilidade microssatélite (MSI-H). Esse subgrupo apresenta um maior infiltrado linfocitário peritumoral, o que explica a resposta ao tratamento com o imunoterápico. Essa é a primeira aprovação de um tratamento oncológico condicionado a um marcador biológico, ao invés de um tipo histológico específico.

Essa terapia representa esperança para pacientes que, até então, não tinham mais opções de tratamento, seja pelo fato da doença encontrar-se em estágio avançado demais ou por apresentarem progressão de doença após todas as opções de tratamento disponíveis.

No Brasil, a imunoterapia já está disponível para o tratamento do melanoma e neoplasia de pulmão. Nos Estados Unidos, também é usada contra os tumores de bexiga, cabeça e pescoço, linfoma de Hodgkin e tumores colorretais. O próximo passo é identificar os biomarcadores para definir quais pacientes podem se beneficiar com essa terapia. E essa seleção deve ser criteriosa pelo risco de efeitos colaterais graves e pelo alto custo.

Dra. Aurenivea Cuerci Cazzotto – CRM/ES 9237 – Oncologista Clínico do Neon